É dificil reconhecer o tempo perdido, as frases mal empregadas, o sorriso negado... mas é assim que sinto ter sido o meu relacionamento com minha mãe. Não que não a amasse. Pelo contrário: sempre tive em minha mãe o meu referencial de vida e espiritualidade. Mas o gênio dela, às vezes, era intragável. Minha grande tarefa era dissuadí-la de certas "presepadas" (como ela mesma costumava dizer) que eu acreditava fossem ofender as pessoas. Discutíamos muito por causa disso. Ela recusava meus préstimos porque achava que eu não gostava dela. Irritava-me com frequencia, agindo sempre de forma contrária ao que eu recomendava pensando no seu bem. E eu não entendi que agora ela era apenas uma criança idosa. Com isso, revelei-me uma pessoa extremamente rude e neurastênica. A certo momento, percebi que eu havia me tornado pior que ela. Deparar com tal situação tornou-se um fardo para mim: Sofri muito. Chorava às escondidas porque não conseguia agir diferente quando estava com ela. Nem mesmo nos seus últimos momentos. Queria pedir perdão mas, não encontrava palavras. Ao final ela não respondia a nenhuma provocação. Ao contrário, rezava, cantarolava, calava com o semblante perdido no vazio. Não consegui conviver em harmonia nem com ela e nem comigo. Hoje, 29/07/11 fazem 8 meses de seu falecimento. Sinto muitas saudades e um carinho que só o meu coração e o coração de Jesus podem decifrar. Sua lembrança é constante. Não tenho medo e nem remorsos porque já me arrependi e confessei o meu pecado e principalmente porque hoje eu tenho duas grandes certezas: 1ª. Eu a amava e ainda a amo muito. 2ª. Creio que, em seus ultimos dias, a sua resignação diantes dessas minhas atitudes erradas serviram para sua reconciliação e salvação da sua alma. Para seu encontro com Deus. Para vê-lo face-a-face. Resumindo: Deus me escolheu para ser um instrumento de salvação para a minha mãe. Eu creio nisso!!!
